É para te cheirar melhor

Acho que é tudo uma questão de olfacto. 

Sou tanto, como tão pouco, de cheiros. Raramente uso perfume - porque não gosto de nenhum. Melhor, é me muito difícil cheirar um de que goste e com o qual me identifique. Gosto de fragrâncias fortes e marcantes, ao mesmo tempo que frescas mas nada doces, nada "abaunilhadas" e de todo enjoativas. Da última vez que eu e por arrasto o meu nariz fomos à perfumaria viemos de lá com a certeza de que somos esquisitos, embora eu goste muito fisicamente dele, há ali e aqui claramente uma questão de... olfacto.
Tenho uma muito boa memória olfactiva, não de outro género, não de todos os sentidos, mas primordialmente deste que se inicia na extremidade que conduz o ar para o interior dos nossos pulmões. E gosto dela. Gosto dos cheiros que me conduzem e que me estão na memória. O de uma casa, que me remete à de alguém, aquele perfume que pertence/ia a outrem. E isto provoca-me também um problema de cheiros, não ao nível dos maus odores que todos pretendemos evitar e/ou camuflar mas ao nível dessa "camuflagem". Dou por mim, regular e insistentemente, a mudar tudo o que são cheiros e a dar-me uma nova arejada, porque os meus próprios perfumes - champô, gel de banho, desodorizante, me remetem a outros momentos e acima de tudo a este: "- Mudaste de champô", enquanto me afagava com as mãos e o nariz os fios de cabelo.

E todas nós gostamos de um bom e singelo: "- Cheira a ela".